Felipe Carvalho-Rio. Recordar
as vítimas da chacina da Baixada Fluminense e promover o pedido de paz para as
pessoas. Estes foram os objetivos da missa e caminhada pela paz, organizada pela
9ª vez pelo movimento católico, que envolve as quatro Paróquias de Queimados: Nossa
Senhora da Conceição, Nossa Senhora de Fátima, São Francisco de Assis e São
João Batista e conta o apoio da Prefeitura. Mais de 1000 pessoas participaram
do evento, que aconteceu no último final de semana e contou com a presença do
Bispo da Diocese de Nova Iguaçu, D. Luciano Bergamin, Padres, Diáconos, além de
autoridades públicas, como a vice-prefeita do município, Márcia Teixeira, o Secretário
Estadual de Assistência Social e Deputado Zaqueu Teixeira, o Secretário
Municipal de Direitos Humanos, José Ribamar e o Vereador Marcelo Lessa. Durante
o evento, manifestantes mostraram faixas cobrando a criação do conselho
municipal de segurança.
No Espírito da campanha da Fraternidade, que tem a
Juventude como tema, a solenidade teve início com a concentração e o início da
missa na nova matriz da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, onde jovens
falaram sobre a importância da igreja para a promoção da paz. Na hora do ato
penitencial, momento que é marcado pelo pedido de perdão, os participantes realizaram
caminhada pelas ruas do município. Uma chuva fina caiu durante o trajeto, que
teve como destino final à antiga Matriz da Paróquia, localizada na Praça Nossa
Senhora da Conceição. “Que esta chuva sirva para lavar todo sangue que foi
derramado pela chacina. O tempo alivia, mas não tira a dor dos familiares das
vítimas. Por isso, todos os anos esta data é lembrada, para que possamos pedir
paz e segurança para o povo”, disse o Bispo D. Luciano.
A Vice-prefeita de Queimados Márcia Teixeira
recordou as participações em outras edições da missa, quando ainda não ocupava
cargo público e ressaltou a importância dos órgãos governamentais para a
promoção da paz . “Quando ainda não era vice-prefeita, já participava da missa
e caminhada pela paz, pois penso que é uma data que temos que sempre lembrar para
prestarmos homenagens àquelas pessoas que perderam a vida e para buscarmos a
construção da paz. Não vamos conseguir a paz sem segurança. São dois símbolos
que se complementam. Temos que lutar muito também contra a violência a mulher.
É um momento de reflexão, que o poder público tem obrigação de atender a
sociedade para que ela possa viver em paz”, frisou Márcia.
Familiares das
vítimas marcam presença na atividade
A chacina da Baixada entrou
para história como um dos maiores crimes já acontecidos no estado do Rio de
Janeiro. As execuções aconteceram em 2005, quando policiais militares
percorreram de carro as ruas dos municípios de Queimados e Nova Iguaçu,
disparando contra pedestres. Pelo caminho os policiais deixaram 29 mortos. Entre
as vítimas estão Renato de Azevedo, que estava com 30 anos, quando foi
assassinado brutalmente recebendo um tiro no rosto, na hora que fechava o
portão de seu lava-jato e Raphael Silva, que morreu aos 17 anos com um tiro na
nuca, quando voltava para casa de bicicleta.
Silvania Azevedo, 35,
participa todos os anos da missa e da caminhada pela paz. Ela falou sobre o
sentimento que guarda após 8 anos da morte do seu irmão Renato. “Não tem como
descrever o sentimento que fica. A saudade faz com que a dor só aumente. O
tempo nunca vai apagar ele do meu coração”, contou. A mãe de Raphael, Luciene
Silva, 47, representa as vítimas do município de Nova Iguaçu. Ela faz questão
de comparecer a atividade para homenagear o filho e pedir paz para as pessoas.
“Participo todos os anos da missa pela paz, que serve para as pessoas não
esquecerem o que aconteceu e para mostrar que juntos podemos transformar nossa
realidade”, afirmou.
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